quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cordel da Mulher "Desprovida mais Atrevida."

Não sou Mulher que se diga:
Nossa! Que dona patroa!
Também o pior não diga
Se eu não sou assim tão boa.
Chamem-me de Atrevida
Um pouco de Pervertida
Porém jamais fui atôa.

ll
Nunca fui de ganhar Temas
Mais me visto de Poemas
Sou meu próprio diadema
Chamem-me Pedra Noventa
Vou pra casa dos sessenta
Meio a reverso e Dilema
Enfim, sou meu próprio esquema.

lll
Eu nasci bem desprovida
Dos atributos reais
Era triste e inibida
Com silhueta normal
Ás vezes desengonçada
Em outras um pouco ousada
Mais sem trejeitos Fatais.

lV
Aos poucos fui me encarando
Aceitando-me como eu era
Não era a Bela encantada
Mais também não era a Fera.
Mais eu vivia a espera
De um dia transformar-me
Na mais formosa Donzela
E ser de fato a Fera.

V
Abri porteira do mundo
Por onde eu nem caberia
Pisei abismo profundo
Submergi com Valia
Comi poeira da estrada
Atravessei Invernadas
Estampei-me em Ousadias.

Vl
Só não roubei nem Matei
Nem em vícios fui parar
Lombo de touro eu montei
Pulei muro a me arrastar
Para poder escapar
Pulei por cima do Mar
Pra poder me equilibrar.

Vll
Quem conhece a face dura
Do chão que pisa a pobreza
Colhe a provisão madura
E trás no porte a beleza
Planta capim no asfalto
Prodús seu grande roçado
Sem cansaço e sem moleza.

Vlll
Porém quem não compreender
É que não viveu o Fio
Da navalha a entender
Que na voz do arredío
Existe um gritar latente
Não se fica pra semente
Com a barriga vazia.

lX
Senti dor e desalento
Sem poder dá nem um pio
Assemelhei-me ao jumento
Quando lhe falta alimento
Inclina pra baixo a crina
Faz seus passos sua Sina
Relincha buscando Alento.

X
Para encurtar essa história
Guarde-me em sua memória
Sou filha da Persistência
Tenho irmãos com Sapiência
Doutor em Sabedoria
Penso com muita Ousadia
Sou "A Mãe da Valentia!"

Goretti Albuquerque.

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