segunda-feira, 8 de junho de 2009

Nordeste...Do cabra da peste.


Nordeste... Do cabra da peste.

Sinto lembranças lá do calor do meu Nordeste

Dos galhos secos das caatingas entre os ciprestes

Das serenatas da flor silvestre do meu agreste

Do assun preto, mandacarú e cabras da peste.

Um triste hino cantam as mulheres

Em romaria pedindo chuvas, nada interfere

Enfrentam a vida até na morte são uns “Alferes”

Seu tudo é nada fome e poeira, seu mundo fere.

Gente valente sempre contente

Nas tempestades clamam bondades

Com seus rosários e seus hinários

Rogam a Deus por filhos seus.

Alegre é o canto do homem do campo

Chapéu de palha vai com sua tralha

Pro seu roçado já veio à seca, tudo acabado.

Em Deus espera logo vem chuva sua dor supera.

Clima contrário rompeu barragens vem seu calvário

Perdem lavouras, casas e família quanta ironia...

De olhos marejados mãos calejadas sofrem calados

E numa prece olham pros Céus, não esmorecem.

Brilho nos olhos olha seus filhos são seus abrolhos

Com dois gravetos formam fogueiras vão do se jeito.

País tão belo olhe o Nordeste, povo singelo!

Gente sofrida sorri da lida, cabeça erguida.

Sou esse povo que recomeça tudo de novo

Mesmo sabendo de altos e baixos vão se erguendo

Meu coração guarda esse cheiro dos meus irmãos

Daqui de longe corre uma lágrima já me consome.

Nesse soneto

Não quero rimas

Mais lhe prometo

Tem muitas sinas

Vou ver se inverto

Faço um enxerto

Saio das rimas.

Goretti Albuquerque.

2 comentários:

  1. Uma singela homenagem ao meu Estado Ceará, ao meu Pai aos 88 anos em foto acima e a toda gente guerreira, sofrida e acolhedôra que eu amo. Estão sempre na luta, na esperança e na Fé!

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  2. Lindo,Goretti!Um lindo retrato e homenagem!beijos,chica

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